O Royal Institute of British Architects (RIBA) anunciou na manhã desta quinta-feira, 29 de setembro, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha como o vencedor da Medalha de Ouro Real 2017. A honraria, aprovada pessoalmente pela rainha Elizabeth II, é em reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo arquiteto brasileiro, que influenciou, direta ou indiretamente, o avanço da arquitetura e do urbanismo.
Em nota divulgada em site institucional, o RIBA destacou alguns projetos de Paulo Mendes da Rocha, construídos em estilo brutalista, com estruturas de concreto expostas e acabamento áspero, como o Clube Atlético de São Paulo (1957), o Museu Brasileiro de Escultura – MuBE (1988), a Praça do Patriarca (1992-2002), a remodelação da Pinacoteca do Estado de São Paulo (2000) e o Centro Cultural FIESP (1997). Segundo a presidente do RIBA e do comitê de seleção do prêmio, Jane Duncan, o trabalho de Paulo Mendes da Rocha é altamente incomum em comparação com a maioria dos arquitetos mais celebrados do mundo. “Ele é um arquiteto com incrível reputação internacional, mas quase todos os seus projetos foram construídos em seu país de origem. Revolucionário e transformador, o trabalho de Mendes da Rocha tipifica a arquitetura brasileira desde 1950: crua, robusta e lindamente ‘brutal’”, afirmou Jane. A premiação de Paulo Mendes da Rocha foi destaque na imprensa britânica. O The Guardian disse: “Uma figura distante do elenco habitual de ‘starchitects’ (expressão que, na tradução livre, pode significar arquitetos estrelas) internacionais. Com 87 anos de idade, passou as últimas seis décadas construindo um corpo de trabalho, principalmente, em seu país, que se destaca por sua força de expressão e poder estrutural, casado com detalhes finamente trabalhados.” O presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Farjado, comentou também a premiação de Paulo Mendes da Rocha nas redes sociais. “Apesar de todo esforço da classe política brasileira para que o projeto de arquitetura não tenha valor, para que licitações de obras públicas não adotem projeto executivo, para que licenças ambientais não sejam necessárias, ou seja, para a promoção do caos urbano brasileiro, vemos a força da cultura arquitetônica brasileira sendo reconhecida através deste grande mestre arquiteto e humanista. ‘Living Legend’ declarou o RIBA.” Para o presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, a Royal Gold Medal é mais um reconhecimento internacional da obra de Paulo Mendes da Rocha e um orgulho para todos os arquitetos e urbanistas brasileiros, contribuindo para a promoção da cultura do país no exterior. “Importante notar, como fez o RIBA, que a maior parte da obra do arquiteto está no Brasil, ainda que desperte admiração mundial. São projetos que qualificam nossas cidades, transformando o ‘brutalismo” do concreto em soluções espaciais requintadas e fraternas, fruto de um apuro tecnológico impecável e de seu sempre presente olhar social”, afirmou. Além da “Royal Gold Medal”, o trabalho e a atuação de Paulo Mendes da Rocha concederam ao arquiteto inúmeros prêmios, entre eles o Leão de Ouro da Bienal de Veneza 2016; o Prêmio Imperial 2016, este anunciado há algumas semanas; o Pritzker, em 2006; e o Mies van der Rohe, em 2000. Imagem destaque: Paulo Mendes da Rocha. (crédito: Ana Ottoni/EPA) Galeria: 1 – Clube Atlético de São Paulo (crédito: Ana Ottoni/EPA) 2 – Museu Brasileiro de Escultura – MuBE (crédito Nelson Kon) 3 – Praça do Patriarca (crédito: Nelson Kon) 4 – Pinacoteca do Estado de São Paulo
Fonte: IAB-BR
Publicado em: 29/09/2016
]]>