MENÇÃO HONROSA – AUDITÓRIO DO COLÉGIO ARNALDO
PROJETO
CONSERVAÇÃO, REUTILIZAÇÃO, REQUALIFICAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO
ARQUITETOS E URBANISTAS RESPONSÁVEIS PELO PROJETO: Gabriel Velloso da Rocha Pereira, Luiz Felipe de Farias e Marcelo Palhares Santiago Colaboradores: Silvia Guastaferro Magalhães, Iris Dias Resende Pereira, Fernanda Boratto e Lucas Teixeira e Silva Estagiária: Rita de Cássia Gouveia JácomeACESSE AS PRANCHAS DO PROJETO CLICANDO NA IMAGEM
Memorial Descritivo:
O Auditório do Colégio Arnaldo faz parte de uma importante e histórica edificação, tombada pelo patrimônio histórico municipal de Belo Horizonte-MG (Conjunto Urbano Protegido da Avenida Carandaí, Alfredo Balena e adjacências). O edifício foi construído entre 1913 e 1914, com projeto de José de Magalhães e Padre Frederico Vienken. O colégio ocupa uma quadra inteira do bairro funcionários. O bloco principal é composto por uma edificação em L, em estilo eclético, com 3 torres marcando as esquinas e servindo de marco na paisagem. O auditório fica abaixo da torre sul, na esquina da Avenida Bernardo Monteiro e Rua Timbiras. Como parte do processo de renovação e crescimento da instituição, o Colégio vem sofrendo uma série de intervenções, que preveem demolição de edificações espúrias, construção de um anexo, reestruturação do pátio central e várias intervenções pontuais no edifício antigo. Uma das intervenções no edifício antigo será a reforma do auditório existente, com objetivo de modernizar suas instalações e melhorar conforto e eficiência acústica, permitindo realização de eventos internos do colégio e aluguel do espaço para público externo. Originalmente, o espaço do auditório era utilizado como refeitório e foi precariamente adaptado. O espaço não possui estrutura de climatização nem elementos acústicos. As cadeiras são antigas, inadequadas para uso em auditórios, e instaladas em piso com inclinação muito suave, impedindo visão integral do palco para todos da plateia. O foyer e sanitários funcionam em um acréscimo da edificação, construído irregularmente na área externa, obstruindo parte da fachada original. A primeira parte da proposta prevê a demolição desse acréscimo externo, construído no afastamento frontal da Rua Timbiras. A fachada original, janelas e o pórtico de entrada serão novamente expostos e restaurados com cores e materiais idênticos aos originais. Os gradis de alvenaria e ferro fundido, hoje inexistentes, serão refeitos, seguindo o desenho original existente no restante do edifício. A entrada será valorizada com novos projetos luminotécnico e de paisagismo (objetos de outro contrato) a serem implantados ao longo do alinhamento/afastamento frontal de todo o antigo Colégio. A segunda parte da reforma consiste numa série de intervenções internas que pretendem modernizar o auditório e aumentar sua capacidade. O conceito do projeto consiste na valorização do forro existente, com preservação e restauro integral das pinturas representando músicos e instrumentos clássicos, transformando o forro em elemento principal do novo auditório. A proposta prevê que ele seja valorizado e que nenhum elemento construtivo ‘toque’ o forro, permitindo visão livre a partir de todos os ambientes principais (foyer, platéia e palco). Será retirada a iluminação de palco existente, e instalado um novo sistema de iluminação, mais sutil e adequado ao conceito do projeto e aos padrões técnicos atuais. O palco, atualmente muito estreito (2m), será ampliado de forma a permitir maior diversidade de eventos, como apresentações de teatro, música, dança, palestras, formaturas, etc.. O acesso do auditório ao palco se dará por uma escada em uma lateral e uma plataforma acessível para pessoas com mobilidade reduzida na outra lateral. Escadas e portas existentes no fundo do palco continuarão dando acesso aos camarins e salas técnicas. Acima do piso existente será construída uma estrutura metálica independente, conformando uma plateia elevada, inclinada e escalonada. A inclinação ideal permitirá a melhor visibilidade para o palco, de qualquer ponto da plateia. Serão instaladas novas cadeiras, modernas, mais confortáveis e mais estreitas do que as largas cadeiras existentes, permitindo ampliação da capacidade do auditório dos atuais 230 para 280 pessoas. Estão previstos assentos especiais para obesos e espaço para cadeirantes e acompanhantes. A nova estrutura da plateia terá fundações independentes e ficará afastada das paredes externas do edifício, de forma a evitar transmissão de ruídos e vibrações indesejadas. Estes cuidados ajudam na preservação das paredes antigas, pois as vibrações poderiam ocasionar trincas, contribuindo também para o conforto acústico interno do auditório e de outros ambientes do Colégio. O espaço entre público e fachada conformará dois corredores de acesso público e saídas de emergência. No último nível da plateia será instalada uma cabine de controle de som e iluminação, com acesso independente e visão adequada para o palco e restante do ambiente. As paredes e teto da cabine de controle não alcançam o teto do auditório, contribuindo para que a estrutura da platéia configure um elemento livre e independente, liberando a visão para o importante forro. Nas paredes laterais do auditório serão instalados painéis acústicos especiais, em madeira perfurada, posicionados de forma sobreposta e valorizados por iluminação vertical embutida. Além da função estética e acústica, funcionarão como shafts de acesso a tubulações de ar condicionando, elétrica e sonorização, evitando que estas instalações fiquem aparentes ou próximas ao forro restaurado. Todo o novo volume da plateia, piso, paredes laterais e guarda-corpos, será revestido em carpete cinza escuro, contribuindo para uma aparência neutra e uniforme, valorizando ainda mais as cores do forro e também colaborando para eficiência acústica (por ser absorvente de ruídos). Ainda em relação à acústica, as janelas existentes receberão esquadrias fixas internas com vidro duplo, de forma a contribuir para o isolamento acústico do auditório. No vazio resultante do desnível da plateia, abaixo das cadeiras, serão instalados novos sanitários e foyer. O novo Foyer receberá os espectadores e organizará os fluxos de entradas e saídas dos espetáculos. Todas as portas e acessos do auditório serão adaptados para pessoas com mobilidade reduzida. O foyer terá dois trechos com pé direitos diferentes. O principal, logo que se acessa o edifício, será mais alto e receberá um teto em vidro acústico, com sistema “spider glass”, possibilitando a visão do forro original do auditório. O segundo trecho, já abaixo da estrutura da plateia, será inclinado e revestido com painéis de madeira acústicos iguais aos do interior do auditório. O Foyer dará acesso também a uma bomboniere e aos novos sanitários públicos, localizados abaixo da plateia, mas independentes de sua estrutura. Os sanitários terão paredes com isolamento acústico que não estarão ligadas à estrutura da plateia, de forma a evitar a transferência de ruídos para dentro do auditório. Um sanitário acessível unissex será construído na base de uma das torres, abaixo da escada de madeira existente. As escadas de madeira das duas torres serão restauradas e reforçadas. Na segunda torre será instalada a bilheteria, com mobiliário removível. O acesso à bilheteria será pela área externa, com entrada pelo novo gradil. A restauração completa do auditório prevê instalações acústicas, climatização, novas instalações elétricas, iluminação cenográfica e acessibilidade universal. Após a completa reforma deste auditório, Belo Horizonte terá um novo espaço cultural, com instalações modernas e preparadas para receber diversas e diferentes apresentações. A restauração e preservação deste equipamento oferecerá acesso público a um espaço com importância histórica para toda a comunidade e não apenas para os alunos do Colégio.
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